Em
tempos de embates políticos e busca pelo academicismo como fórmula
mágica para salvar a Educação do Rio Grande do Norte, professores da
Escola Estadual “Rômulo Wanderley” mostram com projeto prático e
criativo, que o ensino público está vivo e pode avançar a partir da
concretização de idéias simples que valorizem os traços culturais e
congreguem a comunidade.
Foto: Divulgação |
Os
professores Mytercia Bezerra da Silva (Ciências), Leopoercino dos
Santos (Geografia), Zoraide Pereira (Português), Astíages Siqueira
(Inglês), e Marluce Galdino (História), decidiram integrar ações de
caráter pedagógico e conteúdos de suas respectivas disciplinas em um
projeto que conseguisse juntar a teoria da sala de aula ao ensino
prático do campo. Dessa maneira, surgiu no ano de 2005 o projeto de
aulas práticas de campo da Escola “Rômulo Wanderley”.
Essa
iniciativa tem feito com que, sem contar com maiores ajudas da
estrutura oficial de Educação do Estado, os professores comandem
verdadeiras aulas de campo em diferentes contextos culturais e
econômicos do Rio Grande do Norte, ensejando aos alunos o necessário
conhecimento concreto da realidade.
Foi
dessa forma que uma turma de 30 estudantes do 9º ano da Escola “Rômulo
Wanderley”, devidamente acompanhado por seus professores, participaram
de Aula de Campo na tradicional e histórica Feira Livre do bairro das
Rocas, que existe desde o ano de 1928.
Para
os alunos, a ida a Feira para uma aula de campo tem objetivo de dar
condições práticas para que seja feita uma relação do que é aprendido em
sala de aula, em termos ambientais, com o que realmente acontece no
cotidiano. O estudo da Feira também dá condições para uma avaliação
sobre o que representa nos tempos atuais, dominados por grandes redes de
supermercados, o comércio ingênuo e espontâneo dos mercadores
informais. “Os alunos também têm a oportunidade a linguagem usada pelos
feirantes nos apelos de vendas junto a clientela”, diz a professora
Mytercia Bezerra.
Os
professores são beneficiados pelos diversos aspectos de aprendizagem
que o rico ambiente de uma Feira Livre pode oferecer. Aprendizagem essa
que alcança professores e alunos e que enseja também uma rica discussão e
a inserção de conteúdos pedagógicos.
Na
Feira das Rocas, os estudantes também aplicaram questionários com
perguntas destinadas aos comerciantes e aos clientes sobre aspectos como
níveis de escolaridade, cuidados com higiene no local, diversidade
cultural, e aspirações de progresso social. “Na Feira, os alunos
interagem com os comerciantes e compradores, fazendo entrevista e
trocando conhecimentos”, conta Mytercia.
Após
uma semana da Aula de Campo, os estudantes, divididos em grupos,
reproduzem na Escola o ambiente da Feira. Os professores examinam os
cartazes, linguagem de gírias próprias do ambiente, e as barracas
confeccionadas pelos alunos.
Os
estudantes da Escola “Rômulo Wanderley” tiveram Aula de Campo na Feira
das Rocas em abril de 2010. Este ano, a Aula de Campo acontece no dia 27
deste mês e será uma visita para estudos à Escola do Sertão e a Mina
Brejuí em Currais Novos, região Seridó do Rio Grande do Norte. “Vamos
trabalhar em Currais Novos aspectos como a seca, a mineração e as
tradições regionais. Depois os alunos irão apresentar portfólio da
viagem à comunidade escolar”, adianta a professora Mytercia Bezerra.
Os
professores do “Rômulo Wanderley” já fizeram aulas práticas com viagens
aos municípios de Baía Formosa, Ceará-Mirim (conhecer usinas de
cana-de-açúcar), Praia de Pirangi (conhecer maior cajueiro do mundo), e
Bom Jesus (conhecer comunidade Quilombola). “Em Natal, também já fizemos
o percurso do Corredor Histórico – Forte dos Reis Magos, Teatro Alberto
Maranhão e Praça André de Albuquerque”, completa Mytercia Bezerra.
A
Escola Estadual “Rômulo Wanderley” está situada no bairro de Soledade
I, Zona Norte de Natal. A professora Mytercia Bezerra é professora do
Estado há 11 anos e mora nas proximidades da “Rômulo Wanderley”, no
bairro de Soledade II. “A Secretaria da Educação deve se aproximar mais
do professor e criar formas para que projetos como esse se multipliquem,
porque eles irão fazer a diferença e mudar o baixo rendimento escolar”,
conclui a professora de Ciências Mytercia Bezerra.
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