‘De Olho nas Metas 2011’ aponta fluxo escolar como um dos principais desafios da Educação brasileira na próxima década
Além
dos resultados nacionais, por regiões e unidades da federação, esta
edição do relatório apresenta também os resultados de aprendizado por
municípios de todo o País
Nesta
terça-feira (7) o Todos Pela Educação apresenta seu relatório anual de
acompanhamento de suas 5 Metas, o De Olho nas Metas 2011. Nesta quarta
edição, o movimento traz dados sobre o desempenho dos estudantes com
base nos mais recentes indicadores educacionais e informações do Censo
Demográfico 2010 sobre o acesso à escola. Análises de especialistas
brasileiros aprofundam os temas, boletins com o resultado das Metas por
unidade da federação e, além disso, dados de aprendizado por município.
Destaques do Rio Grande do Norte
O estado tem hoje 92,8% da população de 4 a 17 anos na escola ou creche (2010), a meta para este ano era de 93,9%; 54,7% da população de 16 anos concluiu o Ensino Fundamental em 2009 (a meta era de 54,9) e 35,2% o Ensino Médio (a meta era de 40,8).
O estado tem hoje 92,8% da população de 4 a 17 anos na escola ou creche (2010), a meta para este ano era de 93,9%; 54,7% da população de 16 anos concluiu o Ensino Fundamental em 2009 (a meta era de 54,9) e 35,2% o Ensino Médio (a meta era de 40,8).
63,5% dos municípios do estado do Rio Grande do Norte atingiram a meta de aprendizado adequado à série para o 5º ano do Ensino Fundamental em matemática e 44,3% em português; 40,1% atingiram a meta para o 9º ano em matemática e 75,4% em português.
Baixe o relatório completo e os dados por município no site do Todos Pela Educação:
www.todospelaeducacao.org.br
www.todospelaeducacao.org.br
Entre
os destaques deste relatório está o fato de nenhuma região ou estado do
País ter superado a meta de acesso em 2010 e ainda termos 3,8 milhões
de crianças e jovens fora da escola; dados inéditos da Prova ABC por
sexo e por idade que apontam que o desempenho dos alunos defasados já no
final do ciclo de alfabetização é menor em todas as disciplinas
avaliadas (Escrita, Leitura e Matemática); e o apontamento da grande
probabilidade de que, nas condições atuais, a Meta 4 (conclusão do
Ensino Médio a até os 19 anos) só será cumprida até 2022 se problemas
como de fluxo escolar forem resolvidos nos próximos anos.
“Os
dados e as análises dos especialistas desta edição do De Olho nas Metas
apontam que mudanças estruturais precisam acontecer com urgência para
que as Metas possam ser plenamente atingidas até 2022. Os próximos anos
demandarão dos gestores educacionais e de toda a sociedade políticas
eficazes que garantam o direito à educação de qualidade para todos”,
afirma Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação.
Meta de acesso em 2010 não foi superada
Entre
2000 e 2010, de acordo com os dados dos Censos Demográficos, o aumento
nas taxas de acesso à escola foi de 9,2% para o Brasil. A região com
maior aumento na frequência aos sistemas de ensino, entre crianças e
jovens de 4 a 17 anos, foi a Norte (14,2%). O Sudeste, que já partia de
uma situação mais favorável em 2000, com 85,8% da população na escola,
foi a região que teve menor taxa de crescimento do acesso à escola:
8,0%.
Mesmo
com tal acréscimo nas taxas de frequência, nenhuma das regiões
conseguiu superar a meta intermediária estabelecida pelo Todos Pela
Educação para sua Meta 1, de atendimento escolar de 4 a 17 anos,
nem o Brasil como um todo. A maior taxa de atendimento foi encontrada no
Sudeste (92,7%), e a menor, no Norte do País (87,8%). A mesma análise
pode ser observada para cada uma das unidades da federação e, novamente,
é possível verificar que nenhuma superou a meta intermediária de
atendimento escolar proposta para o ano de 2010.
De
acordo com os dados, 3,8 milhões de indivíduos de 4 a 17 anos estão
fora da escola. Entre as regiões, o Sudeste tem os maiores números
absolutos de crianças e jovens nesta condição, com mais de 1,2 milhão de
indivíduos fora dos sistemas de ensino. O Centro-Oeste, na composição
do País, tem os menores totais de indivíduos fora da escola.
Em
números absolutos, o estado que tem mais crianças e jovens a incluir no
sistema de ensino é também o mais populoso, São Paulo, com mais de 607
mil potenciais estudantes fora da escola. Na sequência, aparecem Minas
Gerais (363.981 crianças e jovens fora da escola) e Bahia (277.690).
As
taxas de acesso à Pré-Escola permanecem em patamares muito mais baixos
que os estabelecidos pelas metas do Todos Pela Educação. O Norte do
País, em particular, tem a menor taxa de atendimento nesse nível de
ensino, com 69,0% das crianças de 4 e 5 anos com acesso aos sistemas de
ensino e mais de 201 mil fora da escola. O atendimento às crianças e
jovens de 6 a 14 anos, no País, já se encontra em patamares mais
elevados: 96,7% daqueles nesta faixa etária estão na escola. Entre os
jovens de 15 a 17 anos, idade regular para o Ensino Médio, 83,3%
frequentam a escola. O menor percentual de acesso, novamente, é do Norte
(81,3%).
Diferenças de gênero e defasagem nos primeiros anos do EF
A
Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização),
realizada em 2011, trouxe dados inéditos sobre a alfabetização das
crianças brasileiras. Aplicada em todas as capitais do País, a 6 mil
alunos do início do 4º ano (que concluíram com êxito o 3º ano) de
escolas públicas e privadas, a prova avaliou as crianças em matemática,
leitura e escrita.
Dentre
os principais resultados, a Prova ABC revelou que, na média Brasil,
apenas 56,1% atingiram o conhecimento esperado em leitura, 53,3% em
escrita e 42,8% em matemática. A Meta 2 do Todos Pela Educação
defende que todas as crianças devem estar plenamente alfabetizadas até
2022. O presente relatório, além do detalhamento dos dados nacionais,
por regiões e por redes de ensino, traz também dados inéditos sobre o
desempenho na Prova ABC por idade e por sexo.
Em
escrita, a proporção de meninas com nível igual ou superior ao esperado
foi 16,4 pontos percentuais maior que a dos meninos. A diferença em
leitura foi de 9,4 pontos percentuais, favorável às meninas. Já em
matemática, a disciplina com menor percentual de estudantes que
atingiram o nível esperado, não houve diferença estatística.
Já
em relação à idade, a Prova ABC foi aplicada a alunos no início do 4º
ano do Ensino Fundamental, ou seja, pretendeu avaliar o aprendizado dos
concluintes do 3º ano. Idealmente, o aluno que cursa o 4º ano do Ensino
Fundamental deveria ter 9 anos. Contudo, a presença de alunos de 8 anos
nesse ano escolar pode ser considerada normal, já que os estudantes
podem completar 9 anos ao longo do ano letivo. Ao todo, 79,5% dos 5.875
alunos que participaram da prova tinham 8 e 9 anos na data do exame.
Houve poucos casos de alunos com menos de 8 anos, ou seja, adiantados
(0,5%), e os estudantes com defasagem compuseram 20,1% da amostra.
O
que mais chama a atenção nos dados por idade é a situação dos alunos
com defasagem idade-série. De acordo com os resultados, o percentual de
alunos que atingiu o desempenho esperado em qualquer uma das disciplinas
é sempre menor do que o dos alunos na idade correta. Alunos com
defasagem idade-série são os que repetiram algum ano ou ingressaram
tardiamente no sistema escolar.
Além
de apresentar os resultados completos e novos recortes da Prova ABC, o
Relatório deste ano traz também um artigo de Nilma Fontanive e Ruben
Klein, consultores da Fundação Cesgranrio, que contém uma análise
conjunta dos resultados da Prova ABC e dos resultados da Prova
Brasil/Saeb e exemplos de itens usados na Prova ABC acompanhados de
interpretação pedagógica.
Aprendizado adequado por municípios
Os
resultados nacionais indicam que, desde 2003, vem ocorrendo melhora nos
percentuais de alunos que atingiram o desempenho esperado para o 5º
ano/4ª série, tanto em matemática quanto em língua portuguesa. Já no 9º
ano/8ª série do Fundamental e 3º ano do Ensino Médio, a melhora não
segue o mesmo padrão. A partir de 2005, houve aumento dos percentuais de
alunos que atingiram o esperado em língua portuguesa nestas duas
séries. Em matemática, o crescimento da proporção de alunos que aprendeu
o desejável foi bem mais lento e, inclusive, houve decréscimo em 2007,
como é o caso do Ensino Médio.
Além de apresentar os dados por unidades da federação para acompanhamento da Meta 3
– Todo aluno com aprendizado adequado à sua série, esta edição do
relatório também traz, como anexo, os resultados por municípios de todo o
País. De acordo com os dados, todas as capitais atingiram a meta
intermediária (2009) para o 5º ano do Ensino Fundamental em matemática e
para o 9º ano em português, mas a maioria delas não cumpriram a meta
para o 5º ano em português e para o 9º em matemática. Dentre os
municípios, destacamos que todos os municípios do Acre (os 22 municípios
do estado participaram da Prova Brasil) atingiram as metas para o 9º
ano em português; e que Minas Gerais é o estado que tem o maior
percentual de municípios que
atingiram as metas para o 5º ano tanto em português quanto em
matemática, sendo que 97,8% dos seus 853 municípios tem resultados
passíveis de verificação.
Fluxo deve ser prioridade para conclusão
A Meta 4
fixa taxas de conclusão para o Ensino Fundamental e Médio, permitindo,
no máximo, um ano de atraso escolar. Assim, é importante analisar
indicadores de atraso escolar, como a taxa de distorção idade-série. O
atraso pode resultar da entrada tardia na escola ou da repetência, o
que, por sua vez, está relacionado ao acesso à escola, abandono e
aprendizagem inadequada, entre outros fatores. Hoje, ao fim do 5º ano do
Fundamental as taxas de distorção idade-série chegam a quase 25%, isto
é, um em cada quatro alunos está atrasado nos estudos nesta etapa.
Apesar
dos resultados positivos em relação à meta intermediária (apresentadas a
seguir), de acordo com Tufi Machado Soares, professor da Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF) e articulista deste relatório, o atraso
escolar é um obstáculo para que as taxas de conclusão atinjam valores
mais elevados, pois quanto mais defasado o aluno, menor sua chance de
concluir os estudos. Segundo ele, há fortes indícios de que a Meta 4 não
seja cumprida em 2022 se o padrão de melhoria da Educação se mantiver o
mesmo. As previsões indicam uma taxa de conclusão (com até um ano de
atraso) de 76,8% para o Fundamental, e de 65,1% para o Médio. Mudanças
estruturais serão necessárias para que esta previsão seja revertida. Em
especial, as políticas de fluxo deverão
sofrer reformulações ou ser intensificadas.
De
acordo com informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2009
(em 2010 não foi realizada a Pnad, e sim o Censo Demográfico),
estatisticamente, o Brasil atingiu a meta intermediária (de 2009) de
conclusão para o Ensino Fundamental e a superou para o Ensino Médio.
Porém,
apenas a região Centro-Oeste superou as metas de conclusão para o
Ensino Fundamental e o Ensino Médio naquele ano. O Sudeste, por sua vez,
registrou taxas de conclusão do Ensino Fundamental inferiores ao
esperado. As maiores taxas de conclusão foram observadas no Sul do País.
Entretanto, a região apenas atingiu a meta, sem superá-la. O Nordeste
tem as mais baixas taxas de conclusão para o Ensino Fundamental, e o
Norte, para o Ensino Médio.
A
maior parte das unidades da federação atingiu as metas propostas para a
conclusão do Ensino Fundamental e Médio em 2009, e algumas delas as
ultrapassaram. A exceção é o estado do Rio Grande do Sul, que não bateu a
meta de 2009 para a taxa de conclusão do Ensino Fundamental. O Distrito
Federal detém a maior taxa de conclusão do Ensino Fundamental, com
82,2% de alunos concluindo a etapa até os 16 anos. Já o maior percentual
de concluintes do Ensino Médio até os 19 anos foi registrado em Santa
Catarina (69,1%).
A
menor taxa de conclusão do Ensino Fundamental foi observada em Alagoas,
onde 36,4% dos alunos o concluíram até os 16 anos. É curioso que, neste
estado, a taxa de conclusão do Ensino Fundamental seja menor que a do
Médio aos 19 anos (37,3%). A menor taxa de conclusão do Ensino Médio aos
19 anos é da Paraíba (30,6%).
Investir mais e melhor
A
melhoria da Educação passa, necessariamente, pelo investimento adequado
e pela boa gestão dos recursos nos três níveis de governo: União,
unidades da federação e municípios. Em 2011, amplos debates ocorreram
acerca desta temática, o principal provocado pela tramitação do Plano
Nacional de Educação (PNE) 2011-2020, que trouxe como uma de suas metas a
definição do percentual do Produto Interno Bruto (PIB) a ser destinado
para a Educação na próxima década.
As
informações oficiais disponíveis até meados de janeiro para consulta do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep), referiam-se a até o ano de 2009. Somente em 19 de janeiro de
2012, houve a publicação oficial do percentual do PIB investido em 2010.
Em 2009, ano anterior ao estipulado pela Meta 5
do Todos Pela Educação para que o País aplicasse 5% do PIB em Educação
Básica, o investimento atingiu 4,2%, estando 0,8 ponto percentual abaixo
do estabelecido pelo movimento. Em 2010, esse percentual foi de 4,3%,
confirmando a previsão de que o Brasil não cumpriria a Meta 5 em 2010.
Supondo que o crescimento dos investimentos mantenha o mesmo ritmo
de 2005 a 2010 de 6,0% ao ano, o percentual esperado para a Educação
Básica seria de aproximadamente 4,6% em 2011, ainda inferior aos 5%
estabelecidos pelo movimento.
O relatório traz ainda informações e análise de Amaury Gremaud, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP),
sobre investimento na Educação Básica X Educação Superior e sobre o
cenário mundial de investimento em Educação, de acordo com informações
do relatório Education at a Glance 2011,
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Dentre os principais dados desta publicação é possível destacar que o
investimento brasileiro por aluno do
Ensino Fundamental ao Superior ocupa as últimas posições quando
comparado ao de outros países; que na média de 35 países, o Brasil só
tem investimento por aluno maior que o da China e que o investimento por
aluno na Suíça é 6,2 vezes o do Brasil.
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