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Divulgação |
O
governo pretende propor parcerias com hospitais de referência para
melhorar o ensino de Medicina no País, dentro de um plano para aumentar
vagas no curso em cerca de 40%. Entre as instituições às quais serão
oferecidas verbas federais para criarem faculdades especializadas em
Medicina estão o Albert Einstein e o Sírio-Libanês, em São Paulo; o
Aliança, em Salvador; o Português, no Recife; e o Moinhos de Vento, em
Porto Alegre.
A iniciativa é embrionária, disse ontem o ministro Aloizio Mercadante
(Educação), que tratou do tema com a presidente Dilma Rousseff e o
ex-ministro Adib Jatene, um dos entusiastas da ideia das faculdades
especializadas vinculadas a hospitais de referência. "Não sabemos como
será negociada a parceria, mas queremos que os hospitais nos ajude a
melhorar o ensino de Medicina", disse Mercadante.
Hoje, o Brasil dispõe de 1,8 médico para cada 10 mil habitantes, número
muito inferior ao de outros países da América Latina, EUA e Europa.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a relação nos EUA é de 2,4
médicos para cada 10 mil habitantes, na Grã-Bretanha, 2,7, Argentina,
3,0 e Cuba, 6,7.
Para aumentar o referencial de 1,8 para 2,5 médicos a partir de 2020,
além das parcerias com os hospitais de referência, o governo pretende
ampliar as vagas para Medicina nas universidades federais e fechar
convênios com as estaduais e particulares que tenham bons cursos. O
governo quer iniciar a ampliação das vagas já no segundo semestre.
Uma das intenções do governo é fazer com que as faculdades e as
residências médicas avancem para o interior - onde hoje há pouca
presença de profissionais que tratam diretamente da saúde.
Os hospitais Hospital Albert Einstein e Moinho de Vento afirmaram não ter tido contato com o governo para discutir o tema.
Roberto Padilha, diretor de ensino do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e
Pesquisa, diz que o tema já saiu em diálogos com o governo federal.
"Temos diversas parcerias para aprimorar a formação médica. Mas uma
proposta assim precisaria ser discutida internamente no hospital." Para
ele, seria mais produtivo oferecer auxílio às instituições locais, em
vez de criar faculdades partindo do zero.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) reiterou sua posição contrária à
criação de novos cursos de Medicina no País. "Na última década, foi
autorizado o funcionamento de 85 escolas de Medicina", afirma Desiré
Callegari, do CFM. "Se o problema fosse a falta de escolas, a suposta
falta de médicos já estaria resolvida." O órgão defende a elaboração de
políticas de distribuição e fixação dos profissionais.
Polêmica. Milton Linhares, do Conselho Nacional de Educação (CNE), disse
que o órgão vai divulgar uma resposta às críticas de Jatene às decisões
do CNE relativas aos cursos de Medicina.
Jatene afirmou que o CNE recriou todas as vagas que haviam sido fechadas
por sugestão da Comissão de Especialistas do Ensino Médico, instituída
pelo então ministro Fernando Haddad.
Linhares argumentou que, das 17 universidades afetadas pela decisão, o
CNE só deu parecer favorável à restituição das vagas em 5. "Elas
mostraram que corrigiram as deficiências", diz. "Críticas à atuação do
CNE são fruto da pressão do CFM e da Associação Médica Brasileira,
contrários à criação de cursos de Medicina."
COLABORARAM ALEXANDRE GONÇALVES E SÉRGIO POMPEU
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